ÉTICA: ORDEM E PROGRESSO

Por: Djair de Souza Sanots*

Infringir a Lei, seja ela qual for, é ilegal. Na área de cerimonial, essa infração, além de vergonhosa, pode desgastar e manchar a imagem de uma autoridade. O Cerimonialista, assim como em todas as profissões, deve obedecer a legislação.

Por isso, seguimos a Lei Federal nº 5.700 de 1º de setembro de 1971 e alterações contidas em outras leis, além do Decreto nº 70.274 de 9 de março de 1972; que nos deixa claro a precedência e a postura em solenidades. mas o descaso e descompromisso de cerimonialistas, sem o menor preparo, que atuam em órgãos municipais, estaduais e federais, contribuem para que o detentor do cargo público aja de forma inconstitucional. Famosas autoridades insistem em quebrar protocolos, criarem momentos e atitudes despojados.

Pela tradição, pela preservação de uma rica e valiosa história, em solenidades, exige-se total respeito às normas de condutas públicas, seguidas por cerimonialistas e autoridades, pois, estas, como Instituição que representam, devem respeitar e cultuar ainda mais os Símbolos Pátrios. Por essas razões, algumas considerações parecem-me oportunas descrever.

 

Todos, como seres humanos, somos partícipes de símbolos e rituais. Estabelecemos parâmetros e paradigmas, os quais, mesmo sem sentir, introjetamos em nossa psique. Por tal motivo surgem costumes, e, como conseqüência: leis.

 

Percebemos em muitas situações, em vários níveis, até federal; total desarmonia do Cerimonial. Até o Mestre de Cerimônia, tem posse da palavra, pois “passa à palavra” e não a “anuncia”, como deveria ser.

 

O Hino Nacional, cantado em ritmo de samba, com direito a tamborim, acham que pode? Pois pasmem, pode em cerimônia oficial. Minha revolta, não é só lógica, mas, principalmente constitucional e legal. Um Símbolo Nacional, o Hino Nacional, cantado como samba, sob arroubos de alegria!.

 

Se as mais importantes autoridades municipais, estaduais e federais, podem descumprir a lei em nome de uma opinião própria, porque os cidadãos comuns não poderão fazê-lo?

 

Se as autoridades não mudarem, urgentemente, a maneira de agir, buscando um melhor Cerimonial, que lhes oriente sobre gafes e descumprimentos de Leis e da Constituição, em breve, veremos como samba enredo o Hino Nacional; e a Bandeira conduzida mais uma vez, por uma porta bandeira. Uma “avacalhação” total!

 

Nós, cerimonialistas, temos a obrigação de orientar, principalmente aos Dignitários de cargos públicos, quanto às normas do cerimonial e protocolo. Não podemos esquecer o que representam à comunidade esses detentores de cargos públicos, e como tais, devem se portar e estar devidamente orientados e assessorados.

 

É preciso que se resgate o respeito, a seriedade, a tradição e a história devidos de eventos de grande notoriedade e credibilidade. Não se pode deixar que improvisos, ou momentos de descontração e instantes despojados tomem conta de cerimônias que envolvem muito mais do que as autoridades, que envolvem a sociedade que deposita sua confiança e respeito, e com certeza merece retribuição.

 

* Chefe do Cerimonial da Prefeitura de Praia Grande, Assessor da Presidência do CNCP.